terça-feira, 26 de setembro de 2023

Revoluções ou golpes clássicos?

 


O governo militar do Mali adiou sine die as eleições presidenciais de fevereiro 2024 , o que anula também as legislativas e municipais. Argumento do poder: uma empresa francesa teria guardado a base de dados demográficos. Um advogado maliano e ex ministro da Justiça contesta e diz que é para enganar as pessoas. Com que dados foi possível realizar há poucos meses o referendo que criou nova Constituição?

A participação neste referendo foi da ordem dos 30%. Isto pode ter suscitado receios de falta de apoio .

No Níger, o golpe militar  faz hoje 2 meses . A França retira seus soldados e embaixada mas a junta não consegue reconhecimento na ONU, ficando o Níger sem representante na AG. Também persistem as sanções da entidade regional ( CEDEAO) e ameaça de intervenção militar desta para repor o Presidente derrubado e aprisionado.

No Burkina Faso, mal estar nos quartéis com constantes tiroteios ouvidos perto de quartéis e junto ao edifício do primeiro-ministro.  

Nos 3 casos as oposições internas vão se organizando discretamente.

No plano das atitudes e classificações externas, a França está contra estes 3 golpes, mas aceita os do Chade e Gabão e não parece muito incomodada com o da República da Guiné. 

A Rússia chama de revoluções anti-coloniais os regimes militares que buscaram seu apoio.

Nenhuma das potências em nova luta pelo controle do continente africano se preocupa com os efeitos desses regimes sobre seus próprios povos. Mais uma vez.

Por este andar - e adicionando outros exemplos mundiais de manipulação - em breve as palavras " golpe de Estado " e " revolução " não significarão nada.

 África continua sendo área de manobra para jogos de poder internacional, todos interessados em que se mantenha fraca



Um comentário:

  1. É expectável que está onda de golpes apanha regiões como a da SADC dada a onda de impopularidade de alguns regimes na região.

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