A escolha do ex primeiro ministro socialista português, António Guterres, para Secretario Geral da ONU é importante para o conjunto dos países de língua portuguesa, para os /as solidários com os refugiados, mas levanta questionamentos de feministas e de direitistas clássicos. Como existiam candidaturas de mulheres, várias feministas privilegiavam o gênero acima das ideias e posições. Na verdade, a candidata colocada à ultima hora em melhor posição é da linha Angela Merkel. Outra bulgara, diretora da UNESCO, não tinha obtido apoio no seu próprio governo, abrindo caminho para a senhora Kristalina Georgieva. A candidata Hellen Clark ex PM da Nova Zelândia, em princípio de linha política semelhante a Guterres, tinha a desvantagem de não ser europeia e pelas rotações, esta era a vez da Europa. Muita gente esperava Europa Oriental. Perante o resultado, a Campanha para Eleger Uma Mulher Secretaria Geral da ONU criticou a escolha com forte ironia e classificou o processo de ultraje, considerando a referida candidata - Kristalina Georgieva - como a mulher da semana. Portanto, sem levar em conta as opções políticas. O Centro para Liderança Global de Mulheres, da Universidade Estadual de Nova Jersey, lamentou mas acrescentou que é importante assegurar que Guterres seja feminista. Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda português viu a escolha com agrado e até insinuou criticas à iniciativa de Merkel.
Tudo isto levanta um problema que já rola há bastante tempo. Na luta pelos direitos da mulher é aceitável colocar em posição decisiva qualquer mulher, mesmo com compromissos contrários ao desenvolvimento, reequilíbrios de poder mundial e até à liberdade? É o mesmo problema que surge frequentemente nos movimentos pela igualdade racial. Assim, não é só na economia que a busca de equilíbrios é essencial.
Para alem disto, António Guterres, trabalhou no Alto Comissariado da ONU para os Refugiados em sintonia completa com Ban Ki Moon. Há que diga que o apoio deste foi capital para a subida do seu perfil no ambiente da ONU. Por outro lado, o cargo que vai exercer reforça o prestigio interno da coligação de esquerda que governa Portugal e dos partidos ligados à (pouco visível) Internacional Socialista.
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