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A African Future Lab publicou na quarta-feira um importante relatório a propósito da situação de mestiços e mestiças com antepassado belga. O documento está tendo repercussão na mídia voltada para África.
São pessoas nunca reconhecidas pelos pais durante o regime colonial e que foram retiradas às mães negras, em certos casos pela força ou sem consentimento informado e adequado. Em seguida levadas para instituições religiosas, em grande número como órfãos sem sequer terem certidão de nascimento.
Após as independências, um número importante conseguiu ir para a Bélgica e número igualmente importante ficou nas ex colônias belgas da África Central.
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Na sequência de luta das organizações antirracistas, os residentes na Bélgica obtiveram documentos como cidadãos belgas, e outras reparações, incluindo um ainda aguardado monumento ou placa pública. Porém, nada disto ocorre com os que ficaram na África Central nem seus descendentes diretos.
A lei belga de 2018 não faz distinção de lugar de residência e refere reparações para as mães negras ainda vivas.
Esta situação conduz a protestos destas pessoas. Embora a situação não seja idêntica à colonial, são frequentes - quando não sistemáticas - práticas ostracisantes em vários Estados africanos.
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Na América Latina as pessoas mestiças são maioria na quase totalidade dos países. De distintas adições( amerindia-branca; amerindia-negra; negra-branca; descendentes de orientais com qualquer das mencionadas,etc.)
Isso não impede racismo, pois se há paises com cidadania plena, também há outros onde facilmente se constata menos oportunidades sociais e representação desequilibrada nos órgãos de poder.
Ainda na América Latina, durante algumas épocas a população mestiça de pele mais clara era assimilada a "brancos". Mais recentemente surgiram propostas de assimilação de toda ela a "negros". Nos dois casos, estamos perante um quadro irônico de "genocídio estatístico".
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Sem ironizar, vale referir que o estatuto de "assimilados" era prática legal criada pelo colonialismo francês e copiado pelo português, visando pequenas parcelas de população africana, incluindo a maioria dos mestiços.
Provavelmente em virtude do significado colonial, não há propostas assimilacionistas na África.
O texto do African Future Lab é de natureza a suscitar trabalhos sobre a situação real dessas pessoas em todo o mundo.
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