quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Impasse triturador

 

Este título é tradução livre de " grinding stalemate" usada pelo "Washington Post" para definir o atual contexto de guerra na Ucrânia. No mesmo texto, o jornal refere que o general Valery Zaluzhny vai deixar o Comando geral das F.A. ucrânianas sendo eventualmente substituído pelo tenente-general Kyrylo Budanov, chefe dos serviços de inteligência. A se confirmar pode conduzir ao incremento, ou mesmo prioridade, das ações de guerra assimétrica.

A Rússia falhou sua ofensiva inicial que visava derrubar o governo Zelensky e criar na Ucrânia um quadro político favorável a Putin. Como consequência mudou de estratégia no sentido de ocupar as regiões de língua russa e fustigar as outras com misseis e seu poder aéreo.

Recentemente,  a Ucrânia lançou uma ofensiva visando recuperar territórios, que também falhou.  As defesas russas são muito densas e consistentes, aliás, o mesmo acontecendo com as defesas terrestres ucranianas.

Portanto, a linha da frente congelou. O " Le Monde" constatava há dias que o conflito virou guerra de drones em virtude de ninguém conseguir romper as linhas inimigas. Quer dizer guerra prolongada, aconselhando métodos ditos assimétricos pelo beligerante mais fraco,  na realidade ações pontuais sistemáticas atrás, ou dentro, das posições inimigas. A posse do terreno conta menos, numa situação destas, que destruir material e intranquilizar o efetivo adverso.

A alternativa é a negociação. Esta semana foi noticiado convite ucraniano à China para participar em diligências nesse sentido, estando Pequim em excelente posição pois mantém relações com ambos os lados. Ironicamente, o projeto da União Europeia - usar lucros dos ativos russos congelados  em bancos da U.E. para a fase de reconstrução da Ucrânia - pode sinalizar hipótese de negociação ou elementos de negociação secreta em curso. 

Pelo menos é uma vertente da política oeste-europeia, consistindo a outra no reforço da sua produção de munições, hoje insuficiente sobretudo na artilharia. 

Os Estados Unidos estão condicionados pelo ano eleitoral, no qual o mais provável é fornecer à Ucrânia informações cruciais e esperar que Zelensky use com eficácia o material disponível . A possível passagem às ações pontuais sistemáticas talvez tenha alguma relação com este dado.

O ano de 2024 apresenta também cenários econômicos globais bastante problemáticos e as guerras são uma das causas maiores. Quem revelar capacidade em manter taxas de crescimento consideráveis e, ao mesmo tempo, incidir com força nos setores ou ramos de alto efeito mundial - alimentação, energia, IT e crédito - ganhará relevância. 

Os desempenhos e imperativos econômicos mundiais constituem fator central na construção de alternativas.

  * a foto do início foi tirada de " Vatican News*

Notícias posteriores a este post indicam que Zelensky recuou na mudança de Chefia das suas FA. Mas as divergências permanecem e, sobretudo, o general Zaluzhny não retira a avaliação de impasse na guerra. Portanto, mesmo pelo tempo que ainda fique na posição, alterações do tipo mencionado são prováveis. 

Quanto aos parágrafos do contexto mundial, na minha avaliação não vejo motivo para mudar nada. Assim sendo, mantenho o texto como estava.


                foto também do site " Vatican News"

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