segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre acordo ortografico

Muito interessante  a palestra no Liceu Literário Português do Rio de Janeiro (cuja infraestrutura é bem acima do que eu pensava) do Professor João Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa e docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa sobre o estado atual de implementação do acordo ortográfico no conjunto dos membros da CPLP. Sublinhou que o acordo não impõe regras ortográficas únicas, fez um histórico do que chamou  "guerra dos 100 anos da língua" desde 1911 quando  Portugal fez uma reforma sozinho e tentou impô-la. O acordo de 1990 visa, alem de racionalizar várias regras, acabar  com aquele "guerra". Criticou com muita ironia e apoio em jornais portugueses as recentes declarações anti-acordo do Presidente da Republica portuguesa. No final pequeno debate no qual participei.
Foto da mesa com o professor Malaca ao centro.




3 comentários:

  1. O aborto ortográfico - como é referido por muitos em Portugal - veio trazer uma enorme confusão na escrita do português, sendo frequente encontrar no mesmo texto palavras escritas em pré e pós acordo! Além disso, escrevem-se muitos erros, com palavras em que a consoante é pronunciada omitida ("helicótero") ou, sendo muda, é incluída ("projecto"). Estes erros encontram-se aos pontapés nos meios de comunicação tão orgulhosamente referidos pelo Prof. Malaca Casteleiro...

    Sou anti-acordista por várias razões:

    1 - Não vejo que uma ortografia comum vá reforçar o português como língua internacional. O inglês é bem exemplo disso mesmo - a primeira língua falada internacionalmente tem ortografias diferentes nos diferentes países em que é falada nativamente é isso não é uma preocupação nem uma desvantagem.
    2 - Os portugueses, brasileiros, angolanos, moçambicanos, etc., são todos donos em pé-de-igualdade da língua portuguesa e reconheço a todos o direito de criar as suas próprias regras ortográficas, fonéticas, e por aí fora. Nós não pedimos licença aos romanos para falarmos e escrevermos português!

    3 - Não há acordo nenhum que consiga impedir que, no futuro, o português venha a dar origem a novas línguas nos países de expressão portuguesa. É uma questão de tempo e, como tal, não vale a pena lutar contra a maré. Esta é demasiado forte!

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    1. Caro amigo: o Acordo não cria ortografia única. Consagra mesmo várias palavras com grafias diferentes. O Acordo é o primeiro a incluir África e incide na supressão das consoantes mudas e do trema (que ainda vigorava no Brasil) e na redução dos acentos (em inglês não há nenhum). Simplifica. A França também fez uma reforma ortográfica recente.Sobre a criação de novas línguas derivadas de uma, aconteceu bastante no passado quando os países viviam mais isolados. É menos provável hoje.

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  2. Exactamente, não criou uma ortografia única, porque tal não é possível, mas é a razão invocada e que lhe subjaz. Pior ainda, veio criar as ditas facultatividades. Anteriormente, fato era apenas um facto no Brasil e terno um fato em Portugal...

    Os povos hoje vivem muito mais perto uns dos outros, dado os meios tecnológicos existentes, mas acredito que o afastamento se dará na mesma, só que levará muito mais tempo, reconheço.

    A França fez realmente uma reforma recentemente, mas não atingiu a profundidade da nossa nem foi imposta a ninguém, não fez lei...

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