Mofo em casa
Pela janela
sigo olhando
a biografia em branco
deste lugar luzente.
A sua não vida entra na vida.
Sigo na melancolia
do oco dia.
Sigo março, abril e agora maio.
Sigo no lugar escuro
da fronteira
Mofa casa
Mofa céu
idade, fruta, ar.
Mofam murmúrios, vizinhos,
dias, corpos, palavras de sempre.
Mofam lamentos ouvidos por ninguém
e a todos iguais.
Mofa a laranja que não
engorda a silhueta.
Abro a janela
sigo-me imaginado
bando de pombos
multidão, cardume, alcateia
matilha e colmeia.
Sigo-me sendo ruídos, cheiros
vidas alheias.
Fecho a janela.
Labirinto o mofo,
a omissão
de mais dia,
menos dia,
de dia mais ou menos.
Distantes
Que ruim é a vida
sem o toque
o beijo
e abraços.
A esta dis-tân-ci-a
Minha alma treme de frio
Como te ler o olhar?
Explicar a fenda
os fragmentos
as ruas despovoadas
Mudo
se tornou o Tempo.
Releitura constante
das nossas memórias.
Yara Monteiro
Autora do romance "Essa dama bate bué!", edição Guerra e Paz, Lisboa.
Muito bom!Criativo!
ResponderExcluirAlgoritimos dos momentos vividos, nos olhares cheios de sonhos,
ResponderExcluirAlcanço a minha alma vagabunda,
Passa a passo a vida retoma.
J aime ta littérature et tes poèmes. AS