segunda-feira, 4 de março de 2019

Isabel Baptista na Angola Profunda


Por detrás de nós três ...  segue serena a cordilheira do N ‘Gelo . São 37 kms de grandeza coroada por nuvens que em lambidelas de branco titanium, são assim os candelabros de Andromeda desta densa floresta onde bagos carmim café, enfeitam riachos que viram rios . Enormes! Generosos!

Anduas  singulares  e pássaros vaidosos cantantes,  garantem um concerto magistral todo o dia .  Até ele acabar!  Outros seres virão pela calada da noite. Com suas falas também. Bweeeeee  de florinhas vadias e amoras impossíveis de chegar kkkk e lavras escondidas sem rigor  pelos caminhos até láááá!  Cheias de tudo um pouco. Ou nem tanto. Namoros brandos entre o  cheiro da terra cor de ferrugem ...depois da tempestade e o cheiro do maracujá!

Este, os astronautas não podem sentir! Falo neles , pq consta que para além da muralha da China ... a cordilheira do N gelo é uma das últimas a ser vistas no espaço,  pelo seu tamanho! Magestosa. Mágica. Aqui o “poder” dela cala nos. E a beleza leva nos a nosso mínimo tamanho. Bah! Nada faz tanto sentido assim afinal.

Ali a terra faz as casas terem cor de chocolate!  Em bloquinhos de adobe! Com cortinas de cetim lilaz  do fardo... ao vento! Algumas,  com varandas viradas para a Cordilheira, no meio da Floresta. Jura! Coisa de filme. Sublime.

A fartura partilha-se. E a miséria também. As batas da escola são branquíssimas... fininhas e passajadas ...Tem crianças que palmam 17 kms até lá chegar. “Tua escola é onde? - É aliiiiiiiii “ muito para além do morro. Lá onde tem Neblina! E depois há ainda o voltar. Uma mão de kizaca e outra de milho. No bolso,  a esperança de dias melhores... como os cadernos tipo “ conforme dá”, na lavra ...onde o chão é pródigo! A catana desliza e deixa no ar um aroma a mato cortado. A capim! Um cheiro de infância e rebeldia. Memórias avulso! Kkkk

Generosa mãe natura, também
o foi com pessoas incríveis , nos seus trilhos intermináveis carregados de estórias de Amor e guerra! Diluídos pelo rio  Luaty que nasce ali mesmo. Ainda tímido. Irá engrossar! E Com Chuva, poderá ser arrasador!

Pontes de engenharia popular!!!!  feita de madeira pedregulhos e experiência lutam com ele! Kms e Kms  de trilho como uma  serpente. Árvores seculares! Verdadeiras entidades! Entrelaçam se como promessas de vida e cumplicidade. Juntas juntas! Adoptam se! Ficam mais firmes assim! Em Lições que teimamos não ver! Quando caem partem “ o chão”! Apoteose na floresta! Arrebatador!

Como as mulheres, em fila ordeira e colorida! Um orgulho! Um espanto! Pelos caminhos. E Que duro tudo isto! E que belo também!  Como são fortes!! Como as crias pequeninas ... seguem cantando cantigas de mentira de embalar a fome,  a distância por comer. E voltar.

Ali não passa lá carro. É andar. Carregar!

Neste lugar Fala - se doce. Cumprimenta -se doce. Sorri -se doce e regressa se de Kumbira com bacias de abacate maracujá folhas bwe
e kilos de afecto, com o apelo,  o pedido feito um lamento,  para que se volte,  que se perdoe tudo o que se não tem... um help... lembrando que estão ali! Continuam ali! Sempre ali estiveram!

A “Cadá” como uma sombra que nos lembra do que é  possível. Roças majestosas com esqueletos  de coretos...guardando memórias de fartura alheia .  Esquindivas do tempo. Bassulas várias. Por contar.

Os povos, atendem com enxada e caneta na mão! Tudo de novo afinal! Tipo normal. A capacidade de perdão e uma bofetada sem
mao. Caminhos estreitos de suor. Só as lágrimas teem sal. Kumbira relembra -nos que “ somos daqui”.

A chuva molha a alma da terra. Desce desvairada Em catadupa pelas pedras monumentais. Não há luz. Não há sinal de nada! Kkk offf total! A lua ajuda! E água, só mineral, vinda da nascente. Um luxo. Por entre rosas de porcelana carnudas cor de carne. Aqui o tempo “escorrega” diferente. Raia a magia. E o Soba na sua elegância... escuta. Atento. Agradece sábio. “Do que gosta mais velho? - maçãs.”! E sorri complacente na sua casinha de adobe quartinho , salinha com a foto  de seu ex Presidente. Foto muito antiga. Como tudo mais naquele lugar. Na porta um Machado e uma gabardine! E uma  coleção de bonés já surrados. Tudo velho bem velhinho como ele... um do Benfica por sinal
Ahahahaha À frente, o Morro do Ngelo. Uma dádiva. É um  ponto de água que vem da montanha. Mesmo à frente! Como moldura perfeita um cacho de netos bisnetos filhos irmãos sobrinhos bweee! O bairro. Coisa De livro de estória. Casinhas caminhos mamoeiros... e algumas couves no jardim. Vamos ver se dá! Sorriu. Soft soft!

Nada faz muito sentido no balanço adiante... quando se come da lenha ... a brasa no ponto, com banquinhos e todos à volta, enquanto o feijão dali ferve, embebedados” pela estória de amor da Leonor mãe de Nguengade . Cinco gerações de comprimento! E outros tanto de afeto. Kumbira kuia. Mesmo com essa água toda!  Gratidão.

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