terça-feira, 7 de novembro de 2017

Cinema, assédio e África


Recebi várias vezes a mesma pergunta nos últimos dias sobre se África também sofre situações situações semelhantes aos assédios recém divulgados em Holywwood e como se conduz o cinema africano perante esse assédio em si. Provavelmente o assédio de atrizes existe também e não seria surpresa se fossem denunciados; alguns rumores circularam sobre Nollywood (nome da grande produção da Nigéria inspirado em Hollywood). Mas é forte a produção cinematográfica africana relativa ao assédio sexual sobre as mulheres do povo. Aconselho o filme "Cairo 678" que inclusive propõe metodos de auto-defesa. Existe com tradução em português. Outro filme excelente é "La Belle et la meute" (a Bela e a matilha) da tunisina Kaouther Ben Ania. Não existe em português mas não custa procurar no Youtube a versão original. Há um ótimo webzine do nigeriano Richard Akusson "A Nasty Boy". Sobre o assédio politico-religioso (não apenas islâmico) que considera o corpo da mulher como pecaminoso devendo ser totalmente ocultado (às vezes sob pena de decapitação), o filme "Timbuktu" de Abderramane Sissoko (da Mauritânia) mostra como as mulheres, durante a ocupação da cidade pela Aqmi, tinham de se cobrir, inclusive usar luvas apesar do calor do Sahara. Disponível em português. Vários grupos, sobretudo na África subsaariana, mas também a norte, usam as redes sociais para mostrar, pela imagem, exatamente o contrário para provocar o inimigo (este blog é solidário dessa tática).
A escritora franco-marroquina Leila Slimane, vencedora do premio Goncourt, escreveu uma muito citada pesquisa sobre sexualidade no Magreb e pode ser nomeada diretora na entidade da francofonia. Há ainda varias reportagens de TV sobre a agressão sexual na África do Sul, visíveis no youtube.
Apesar de tudo isto, a representação da mulher nas instâncias politicas da África Austral é equivalente à dos países mais avançados. Por exemplo, em Angola, o percentual de mulheres no legislativo, executivo e forças armadas é cerca de quatro vezes acima do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário