Impressionante a capacidade de mobilização do catolicismo. As fotos da Praça São Pedro são uma demonstração da soma de manifestações pelo mesmo motivo por todo o mundo. Além da mobilização popular obrigou altos políticos ( vários dos quais não católicos e até não crentes) a voarem para Roma.
O mais impressionante é sua existência superior a dois mil anos, enquanto áreas políticas de direita e esquerda que atacam o catolicismo - sob variadas capas, várias vezes de forma obssessiva e muitas vezes sem conhecerem nem a história nem as motivações - basta passarem pelo poder uma década e entram em decadência ou colapso.
Outro fator está na própria História, através de envolvimentos e silêncios cúmplices de importantes faixas da hierarquia da Igreja com poderes opressivos e práticas criminosas. Tendo hoje 1,4 bi de fiéis não é possível,nem desejável, que o catolicismo adote posição única, até porque um volume dessa dimensão é marcado por fortes desigualdades internas e os consequentes conflitos sociais. Nesse sentido, milhões de católicos têm seguido as posições de membros do clero ou movimentos de leigos que lutaram e lutam contra as opressões e contra os compromissos ou silêncios de parte da hierarquia ao longo da História.
É esse o contexto quando se aproxima a escolha do próximo Papa.
Mas há também o contexto político, econômico e militar mundial, muito presente no funeral de Francisco. Entre outros acontecimentos teve lugar uma verdadeira reunião de Cúpula sobre a Ucrânia, com face à face entre Trump e Zelensky e encontro de ambos com o presidente francês e o primeiro ministro do Reino Unido. Algo muito diferente do cenário imaginado há poucos meses, de resolução do conflito exclusivamente entre duas grandes potências.
Entretanto, nos Estados Unidos,o senador Bernie Sanders e a deputada federal Alexandria Ocasio-Cortez ( AOC) prosseguem, com crescente capacidade de mobilização, a campanha anti-oligarquia. No vizinho Canadá amanhã vão decorrer eleições de grande impacto mundial, dada sua posição de resistência face às ameaças de que é alvo.
Na África do Sul, o Ministério das Finanças recuou das intenções em aumentar imposto sobre o consumo. A oposição a tal intenção, expressa no Orçamento, vinha de uma curiosa aliança tácita, incluindo liberais e extrema-esquerda, patronato e sindicatos. A África do Sul já nos acostumou a acordos originais. Esperemos que os boicotes que este país sofre dos EUA não impeçam de bem presidir o G 20.
E no Brasil, expectativa sobre as investigações nos desvios em pensões e aposentadorias. No imediato, uma grande interrogação: é possível esse delito em entidade com o peso do INSS, sendo necessários alguns anos para ministérios, agências reguladoras ou tribunais especializados se aperceberem?



A unicidade do catolicismo se fazendo presente e se fortalecendo cada vez mais na aparente abertura a algumas dissidências. Nessas, de vez em quando, surge uma figura que reaviva a esperança de que resistir é preciso. A questão é: quantos estão preparados para abrir mão das coisas ilusórias as quais se agarra? Quem, de fato, abrirá mão de privilégios?
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