sábado, 1 de junho de 2024

ANC perde maioria na Africa do Sul

 O partido governamental sul-africano desde 1994 ficou na faixa dos 40%, perda enorme se comparado com as eleições daquela data, quando obteve em torno de 65%. Gradualmente foi perdendo votos com aumento das abstenções.  Desta vez perdeu para formações criadas por seus dissidentes.

Obteve um total da ordem dos 6,347 milhões, portanto, os referidos 40% de votos expressos, porém, contando os cerca de 10 milhões de abstencionistas e olhando todo o eleitorado ( 27 milhões), fica com apoio efetivo da ordem dos 25%.

Este cálculo já tinha sido feito, como previsão, há mais de dez anos, pelo Instituto Sul Africano de Relações Raciais ( SAIRR), com base no desempenho socioeconômico do governo e no crescente abstencionismo. 

Perante estes resultados, os sete dirigentes principais do ANC estão reunidos para elaborar proposta ao Comitê Executivo Nacional, que deve inserir linhas de negociação indispensáveis à eleição do Presidente pelo novo Parlamento e, em seguida, formula de governo. 

                       Seven top do ANC

Dois partidos com bancadas parlamentares já deram sinais de estarem dispostos a colaborar com o ANC. Julius Malema, líder do EFF  e ex líder da Juventude do ANC, declarou que é mais fácil trabalhar com seu antigo partido quando ele é derrotado " porque se torna mais humilde ".

Gayton Mckenzie, empresario bem sucedido, pregador e presidente da Aliança Patriotica ( PA), com especial implantação na província do Cabo Ocidental, diz que trabalha com qualquer um, mas lançou ataque cerrado à Aliança Democrática ( DA), principal partido oposicionista no Parlamento e  governo no Cabo Ocidental.

Mckenzie disse mesmo desejar que seu adjunto na PA, Kenny Kunene, também empresario e pregador, seja o próximo ministro do Interior.

O apoio do EFF e PA ao ANC, garantiria  maioria parlamentar, mas pode ter alto custo político e, sobretudo, econômico, devido à imagem daqueles dois partidos, no mercado e em  percentual significativo da sociedade. 

A DA também se dispõe a compor com o ANC, mas rejeita qualquer presença do EFF e do MKP, dirigido pelo ex Presidente Zuma, no poder.

A DA tem origem nos antigos PFP e DP - oposição liberal branca ao apartheid - e segue uma linha de liberalismo econômico. Essa linha e suas origens raciais, causam rejeição na maior parte dos militantes do ANC. No entanto, possui grande apoio na população mestiça ( coloured, na designação oficial sul-africana) que representa 8,9 % do total, portanto da ordem dos 5 milhões, um pouco acima da população branca atual.

A DA é a formação mais forte do grupo Carta Multipartidaria, agrupamento de 5 partidos com assento parlamentar e outros extra-parlamrntares. 

Assembleia de signatários da Carta Multipartidaria


Este bloco vai pesar no tipo de governo das estratégicas províncias do Gauteng (onde se situa  Joanesburgo) e Kwazulu-Natal ( KZN).

Nesta,  o recém formado MKP, de Jacob Zuma, obteve  vitória sem maioria absoluta. Zuma, dirige o partido, mas não pode ser eleito deputado, em virtude de condenação judicial ainda não totalmente cumprida. Não é caso único, de líder político na África do Sul com problemas judiciais. Tal como  ele, estiveram presos, sob acusação de delitos financeiros, os dois mencionados dirigentes da PA. Mas ambos já cumpriram a pena.

A reaproximação do MKP do ANC, implicaria perdão presidencial sobre a condenação de Zuma e indicação de personalidade de seu partido para primeiro ministro provincial no KZN.

Assim, todas as hipóteses estão abertas, num momento em que os imperativos econômicos e sociais se acumulam: desemprego acima de 30%, inflação de 4,5% e previsão de crescimento este ano em volta de 1%.

A África do Sul faz parte do G 20, BRICS e diversas entidades africanas. 

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