Joe Biden, no discurso de fim de mandato, assinalou um fator central nos jogos mundiais de poder: o avanço da oligarquia, de gente muito rica e grande força tecnológica. Não é só nos EUA. O autoritarismo e a correspondente xenofobia mobilizam por todo o mundo e, em muitos casos, com apoio da maioria popular.
Estas duas características ressuscitam velhas teorias econômicas que, no passado, serviram para concentrar riqueza e equilibrar contas públicas comprimindo o nível de vida de extensos segmentos sociais.
Se, em vários países, setores que se consideram democráticos contribuem com sectarismo para este avanço, o elemento principal é que as sociedades sempre estiveram divididas entre defensores e inimigos da liberdade, entre pessoas que se conduzem por valores humanistas e pessoas que cultuam líderes de fala ameaçadora.
Esta divisão é amortecida nos momentos de menos turbulência econômica ou de mais acordos na distribuição entre os hegemônicos mundiais. Hoje vivemos em crise econômica (como tem acontecido regularmente ao longo da história humana) somada a lutas ferozes entre hegemônicos ou candidatos a isso.
No campo tecnológico ganha-se novos terrenos e o conhecimento humano nunca foi tão elevado nas camadas mais capacitadas, que continuam sendo minoritárias nos países mais desenvolvidos, muito minoritárias nos de desenvolvimento intermédio e insignificantes nos demais.
Neste campo, o progresso caminha junto com visões de monopolização e colocação ao serviço de poderes políticos, mas também com visões de democratizar a disseminação do conhecimento, reduzindo o obscurantismo gerado pela divisão entre saber e poder.
Este é um confronto central no mundo em que vivemos e sempre foi assim. Agora, só estamos em fase mais acirrada, onde tudo pode acontecer, inclusive regredir. O confronto central mobiliza os dois lados das sociedades.
Concretamente: entre todas as falas ameaçadoras e o somatório de ações contra o medo.